terça-feira, 25 de agosto de 2015

Capítulo 27 - Quando a luz se insinua para as trevas




Mark e Vincent haviam chegado a pouco tempo em Vermilion, se por um lado ficaram encantados com a beleza da cidade, sua arquitetura clássica, as belas praças, por outro, acabavam de ser confrontados pela parte feia dela, a marcha dos condenados.

O primeiro impulso de Mark é fazer algo diante daquilo, Landreau o gym leader conduzia todas aquelas pessoas presas a correntes, estavam todos exaustos e bastante suados, claramente estavam vindo de alguma espécie de trabalho forçado.

Vincent tentou o conter contando a verdade sobre aquilo, que em Vermilion os criminosos eram condenados a rigorosas penas, que todos os dias eles eram levados da prisão ate o local onde realizavam os trabalhos, isso era algo proposital.

Landreau queria que todos na cidade vissem aquele espetáculo, soubessem o que acontece com quem descumpre a lei, que o castigo será impiedoso e cruel, uma forma de impor a lei e a ordem baseado no terror e no medo.

A discussão prossegue quando Mark vê crianças no meio dos condenados, como era possível que aqueles pequenos tivessem cometido um crime que merecesse uma pena tão abusiva. É nesse momento que Vincent explica o real teor da marcha.

Não apenas os criminosos eram condenados, mas também todos os seus familiares mais próximos, esposa, filhos, pais, todos eram igualmente culpados pelos crimes cometidos. Os genitores eram responsáveis por terem falhado na educação do filho, a atual família por não ter notado que ele era um bandido, ou pior, por saberem o que ele é e mesmo assim permanecerem ao lado dele.

Era também uma forma de combater o crime através da pressão, antes de cometer o crime a pessoa pensaria que estaria condenando não apenas ele, mas também toda a família, ao mesmo tempo, gerava também uma vigilância constante dos membros das famílias uns sobre os outros. Sabendo o que poderia acontecer caso um deles cometa um delito eles terminam por impedir que isso aconteça. 
A delação é incentivada, de modo que se a pessoa denunciar a outra ficará livre mesmo sendo da família.

Vincent concorda que não é o melhor método e que existem exageros e abusos, mas é impossível dizer que não é efetivo, Vermilion é provavelmente a cidade mais segura de Kanto, as pessoas passeiam livremente pela cidade sem medo de crimes.

Embora ainda esteja escutando as palavras de Vincent, por um momento toda a atenção dele é desviada, uma das crianças sendo levadas pela marcha cai no chão, provavelmente desaba de exaustão, nesse momento Landreau ordena que ela se levante imediatamente, ou sua pena e da sua família será aumentada em dois anos.

Os outros presos correm para ajudar a criança, mas são impedidos por Landreau, ele diz que o garoto precisa se erguer sozinho, todos os olhares estão sob ele, por mais que se esforce seus braços e pernas tremem e ele não consegue se levantar.

Passados cinco minutos Landreau ordena que os outros o ponham em pé ou carreguem, agora tanto faz, a pena da família seria aumentada em dois anos, logo começa uma briga, uma criança um pouco mais velha que parece ser o irmão do garoto o ataca com chutes e socos, esta furioso, mas logo é contido pelo pai de ambos, que abraça as crianças e chora dizendo que ele é o único culpado por aquilo.

Os olhos de Mark estão vermelhos, ele esta descontrolado com aquilo, se prepara para avançar contra Landreau, mas é contido por Vincent.

Pare! Se fizer isso vai ser preso, não pode atacar o líder da cidade assim. – dizia Vincent
Não me importa, o que ele faz é cruel, é tortura, isso não é justiça. – disse Mark

Quando Vincent finalmente o solta e ele esta se dirigindo contra Landreau cai no chão, é acertado por uma forte pancada na cabeça, desmaiando. 

Ele acorda no Centro Pokemon da cidade, com Vincent ao lado dele bebendo uma xícara de café.

Por que fez isso? Por que me deteve? – diz Mark furioso segurando Vincent pela camisa e fazendo-o derramar o café

Vincent então da um soco no rosto de Mark derrubando-o.

Como sobreviveu ate aqui agindo desse jeito seu idiota? Essa cidade não é sua, você não mora aqui, não conhece as circunstancias deles, não sabe por que eles agem desse modo. Não tem o direito de julgá-los. – disse Vincent
– E tem mais, seu imbecil egoísta, eu fui visto na cidade conversando com você, chegamos juntos, acha mesmo que se você fosse preso eu também não seria envolvido nisso?
– Deve ser por isso que você esta sozinho, porque age como um tolo impulsivo, faz o que acha correto e não se importa se as pessoas que estão com você serão arrastadas no meio disso.
– Você não é um herói ou qualquer coisa do tipo, é apenas um idiota inocente, se continuar agindo assim vai terminar arranjando problemas para si mesmo e para aqueles que estejam com você. Faça o que quiser com esse conselho, esse é meu presente de despedida. Adeus.

Dizendo estas palavras Vincent deixa o Centro Pokemon, Mark fica sozinho novamente.

Cada palavra de Vincent toca dentro dele, ele começa a se questionar se agiu de modo correto, se Katherine também o deixou por ele a ter forçado a entrar naquela situação. Ele se lembra dela hesitante diante da missão de confrontar o responsável pelo ataque a Cerulean, e de como ele aceitou tão rápido que acabou a pressionando a aceitar, depois durante a luta naquele momento ele também esperou que ela o ajudasse, mas ela foi incapaz.

Ele tinha arrastado ela ate aquela situação e depois ficado decepcionado por ela não ter agido como ele agiria. Mark se lembra também das últimas palavras que trocou com David, elas tinham um sentido parecido com as de Vincent.

A forma como Mark era, o seu jeito tão impulsivo e correto acabava fazendo os outros o seguirem naturalmente, mas quando ele se metia em problemas por isso não era forte o suficiente para proteger aquelas que ele tinha levado a isso.

Vincent estava certo, se ele tivesse atacado Landreau teria sido vencido em um instante, eles teriam sido presos, seus sonhos de chegar a League, bem como o futuro deles poderia ter sido perdido para sempre.

Ele deixa o Centro Pokemon e caminha sem rumo pela cidade por algumas horas, ate chegar novamente ao parque onde tinha estado mais cedo e visto a marcha. De repente ele percebe que Vincent esta lá, deitado na grama e olhando para o céu estrelado.

Antes que Mark pudesse começar a se desculpar foi interrompido.

Não comece a pedir desculpas ou dizer que sente muito, se você fizer isso vai terminar com um abraço, e não quero que as pessoas me vejam abraçando outro cara num parque a noite sob a luz das estrelas. – disse Vincent
– O que eu disse antes, cada palavra estava correta, aquilo é a verdade. Mas não quer dizer que você esteja errado em tudo. O mal acontece porque as pessoas permitem, porque elas vêem acontecem e baixam suas cabeças, pensam que não é problemas delas e por isso não vale a pena se envolver.
– Você é diferente. Isso certamente vai fazer você se envolver em muitos problemas, mas se não fosse assim, eu não teria sido ajudado. Foi a primeira vez que fui ajudado.  Então, fique mais cauteloso, seja mais espero, mas droga, não mude quem você é.

Vincent se levanta e então eles batem os punhos se cumprimentando. Eles retornam ao Centro Pokémon e passam a noite lá, no dia seguinte Mark acorda decidido e vai ate o ginásio para enfrentar Landreau em busca da sua segunda insígnia.

Mas existe algo mais, durante a noite Mark pensou profundamente sobre tudo que tinha acontecido ate agora, as palavras de Vincent, e decidiu que após obter essa badge ele seguiria com Vincent, pegaria o navio para Cinnabar, ele iria reencontrar Katherine.

O navio para Cinnabar partiria a noite, Mark havia se imposto como condição ser capaz de obter essa insígnia na primeira tentativa, se ele não ficasse mais forte, se não crescesse não tinha o direito de ir atrás de Katherine e seguir com Vincent.

Os dois jovens chegam ao ginásio, é uma construção imponente, grandes muros de pedra e o formato de um castelo medieval. Na entrada encontram dois guardas, os discípulos de Landreau também atuam como a guarda da cidade, eles avisam que o líder saiu para resolver um assunto particular e retornará apenas daqui a pouco tempo.

Vermilion é uma cidade dividida em duas partes, a parte urbana, muito bonita e limpa, uma paisagem bastante acolhedora, e a parte industria que fica um pouco afastada da cidade, nesta parte existe poluição e as condições de trabalho são horríveis, os presos da cidade trabalham nesta área, que é isolada e proibida para as pessoas comuns. Neste cenário Landreau esta esperando alguém que lhe fez um convite.

Esta atrasado, essa não é uma boa forma de começar a fazer negócios comigo, pontualidade não é apenas uma qualidade, é uma obrigação. – disse Landreau
Tem razão em sua queixa, porem precisa ser compreensivo, ultimamente tem sido bem difícil viajar, há cada vez mais vigilância nas estradas, a Elite 4 tem aumentado a perseguição. – disse uma mascarada com voz feminina
– Então devo me aliar a alguém que tem medo e precisa andar pelas estradas assustado?

– Não, deve se aliar àqueles que vão mudar este mundo. O tempo esta passando, escolhas estão sendo feitas todos os dias, estradas estão se bifurcando, logo não haverá mais meio termo. Escolha, antes que a escolha seja feita por outros.

Um comentário:

  1. Bom capitulo, a construção da relação entre o Mark e o Vincent está sendo muito bem feita, Mark se mostra mais uma vez impulsivo e isso poderia ter trazido grandes problemas para ele e para Vincent que o chamou à razão, gostei do momento de introspetiva de Mark, pensando que Katherine o tinha deixado pelo mesmo motivo. Agora temos este lider de ginasio prestes a se aliar á Lux, parece os preparativos de algo grandioso onde é obrigatorio escolher um lado, do genero ou está comigo ou contra mim. Gostei disso, o capitulo não teve muita ação nem aconteceu muita coisa mas foi bom para construir o possivel final da historia, continue ^^

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